sábado, 11 de agosto de 2007

Retrato

Ele era da raça dos que suportam todo o peso da vida
Era da raça dos que não se queixam
Dos que sorriem diante do destino adverso
Viveu em silêncio grandes horas amargas
e ninguém conheceu as devastações e os efeitos dos golpes que lhe foram vibrados.
As suas ruínas
Os seus Deuses mutilados
Os túmulos que estavam nele, ninguém desvendou
Tudo ficou escondido
Tudo ficou defendido
Pela sua mascara tranqüila
No entanto
Ninguém amou mais profundamente do que ele amou
E ninguém terá colhido maior melancolia e maior incompreensão do amor
Ninguém desejou mais a companhia dos seus semelhantes
Ninguém teve mais necessidade do calor amigo
Do apoio
Do aplauso
Da solidariedade humana
No entanto
Sua vida se consumiu na solidão, no desamparo e na indiferença
A amargura não fermentou na sua alma
O ressentimento não dominou jamais a sua visão das coisas
Ele era da raça dos heróis obscuros.

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