terça-feira, 10 de maio de 2011

E foste...

Tão cedo foste roubada de mim
Tão breve estiveste comigo
Tão só o mundo ficou
Sem ti não tenho mais terra natal
Não tenho mais porto
Não tenho mais feliz reencontro
Alegre regressar
Ponto almejado

És tudo uma caminhada sem fim
Em busca, sabe-se lá do quê
Olhos baixos
Passos ritmados por uma marcha de monotonia
Uma esperança leve e fugaz do que possa surgir na próxima esquina

Um olhar de morena mulher que me lembre o seu
Um riso destabocado de criança, como aquele que nunca mais será
Nunca mais será
Nunca mais terá a chance de ser
Nunca mais será nada além da remota chance de existir

Tantos futuros
Sorrisos
Fins de tarde em praias ao por do Sol
Manhãs chuvosas preguiçosas
Todos abortados
Todos natimortos

Eu
Me torno animal sozinho
Uma pedra no oceano
Um rei a ministrar um deserto
Um eco a correr por cômodos vazios

Poderia ter sido heroico
Mas não há mais o que salvar
Poeria ter corrido
Até o ar me faltar
As penar ficarem insensíveis
E os pulmões arderem
Mas onde chegar?
Para onde ir?

Você nunca mais estará lá
Nunca mais a minha espera
Nunca mais será meu lar