sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ugly Dog

Esse agora vai ser eu
The Ugly DOg
Uma alcunha
Um codinome
Uma contraparte
Um novo Leo para um novo mundo

Onde houver terror e iniqüidade
The Ugly DOg estará lá

Onde houver maledetos e pezzonovantes
The Ugly DOg também estará

E onde houver ração sabor lazanha
Ele também estará

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Poema

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Pq realmente vale a pena

Pois é, primeiro demos um foda-se pras coisas dispensáveis, para as que não valia mais a pena carregar por aí.
Coisas supérfulas, coisas desgastadas.
Agora que as coisas novas sejam bem vindas.
Pq o tempo delas chegou.


Por que o Sol saiu
Por que o seu dente caiu
Por que essa flor se abriu
Por que iremos viajar no verão
Por que aqui o mundo não será cão

O mundo é bão, Sebastião
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é teu, Sebastião

Quando o Goodzila atacar
Quando essa febre baixar
Quando o mamute voltar
Descongelado a caminhar na Sibéria
Quando invento, o mundo é feito de idéias

O mundo é bão, Sebastião
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é teu, Sebastião

Como escrever certo o seu nome
Como comer se der fome
Como sonhar pra quem dorme
E deixa o cansaço acalmar lá em casa
Como soltar o mundo inteiro com asas

Tiranossauro Rex tião
Dentro dos seus olhos virão
Monstros imaginários ou não
Por forte somos todos outros Titãs
E a vida assim irá sarar, virá sã

O mundo é bão, Sebastião
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é teu, Sebastião

O mundo é bão, Sebastião
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é bão, Sebastião
O mundo é teu, Sebastião

domingo, 4 de janeiro de 2009

Vou-me Embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

 

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

 

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

 

Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar

 

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.



Manuel Bandeira

Carrego comigo


Carrego comigo
há dezenas de anos
há centenas de anos
o pequeno embrulho.
Serão duas cartas?
será uma flor?
será um retrato?
um lenço talvez?

Já não me recordo
onde o encontrei.
Se foi um presente
ou se foi furtado.

Se os anjos desceram
trazendo-o nas mãos,
se boiava no rio,
se pairava no ar.

Não ouso entreabri-lo.
Que coisa contém,
ou se algo contém,
nunca saberei.

Como poderia
tentar esse gesto?
O embrulho é tão frio
e também tão quente.

Ele arde nas mãos,
é doce ao meu tato,
Pronto me fascina
e me deixa triste.

Guardar em segredo
em si e consigo,
não querer sabê-lo
ou querer demais.

Guardar um segredo
de seus próprios olhos,
por baixo do sono,
atrás da lembrança.

A boca experiente
saúda os amigos.
Mão aperta mão,
peito se dilata.

Vem do mar o apelo,
vêm das coisas gritos.
O mundo chama!
Carlos! Não respondes?

Quero responder.
A rua infinita
vai além do mar.
Quero caminhar.

Mas o embrulho pesa.
Vem a tentação
de jogá-lo ao fundo
da primeira vala.

Ou talvez queimá-lo:
cinzas se dispersam
e não fica sombra
sequer, nem remorso.

Ai, fardo sutil
que antes me carregas
do que és carregado,
para onde me levas?

Por que não dizes
a palavra dura
oculta em teu seio,

carga intolerável?

Seguir-te submisso
por tanto caminho
sem saber de ti
senão que sigo.

Se agora te abrisses
e te revelasses
mesmo em formas de erro,
que alívio seria!

Mas ficas fechado.
Carrego-te à noite
se vou para o baile,
De manhã te levo

Para a escura fábrica
De negro subúrbio.
És, de fato, amigo
Secreto e evidente.

perder-te seria
perder-me a mim próprio.
Sou um homem livre
mas levo uma coisa.

Não sei o que seja.
Eu não a escolhi.
Jamais a fitei.
Mas levo uma coisa.

Não estou vazio
não estou sozinho,
pois anda comigo
algo indescritível.

Carlos Drummond de Andrade