sábado, 31 de maio de 2014

A vida é muito estranha, a vida é um susto, um soluço
De repente você se pega olhando pela janela em um dia qualquer
Percebe que seu coração jaz em pedaços
Alguns pedaços se foram pra muito longe
Alguns pedaços deixaram esse mundo
Outros fomos nós que deixamos pelo caminho
Por mágoa, pela promessa de coisas maiores ou por simples descuido
Outros param de ligar, param de nos procurar, param de esperar que um dia tenhamos tempo para eles
Os telefonemas param, as mensagens no meio da noite cessam
Os momentos findam
Não há mais troca de olhares, de mãos, de sorrisos ou de histórias
Apenas mais um cordão umbilical que se rompe
Outros cruzam com você pela rua as vezes, depois de anos
E nem sequer um olhar, um ato de reconhecimento daquilo que foi tão próximo
Esses são os pedaços que se tornam lascas
Lascas com pontas afiadas que ferem o resto de coração que ficou
Algumas dessas lascas nós deixamos espalhadas por aí
Não tentamos colar com medo da dor que nos trará
Simplesmente passamos a caminhar pelo mundo com um pedaço a menos
Alguns pedaços nem doem mais, são quase dormentes
Até que uma foto encontrada, uma perfume parecido ou o som de uma risada os trazem de volta
Ficamos em meio ao tempo pensando onde foram parar esses pedaços
O que estão fazendo?
Como vivem?
Com que outros pedaços, de outros corações não resolveram se juntar a fim de consertar as lascas perdidas do seu também.
Nos perdemos em passos, em ruas, em pensamentos
Nos perdemos entre o pó dos dias
Imaginando apenas aquilo que poderíamos ser, que poderíamos ter sido e tido
A sinceridade que deveria ter sido nossa
As possibilidades, as portas que deixamos de abrir
Para que nosso coração pudesse ver o Sol  desses dias e virassem as costas para tantos outros dias
Que das cinzas destas lacas de coração vieram a surgir.