terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Cavaleiro e os Moinhos

Ele era jovem
E saiu em busca de aventura
Partiu na direção que indicava seu coração
Sem dar ouvidos a conselho ou sermão

Achava que poderia viver só com o vento a lhe acompanhar
Que nunca se cansaria da estrada
Das montanhas, desertos e florestas
E do mundo que ainda tinha por trilhar

Ele queria viver intensamente
Viver deliberadamente
Expurgar do seu mundo tudo que não fosse vida
Para que um dia
Quando sua morte por fim chegasse
Ele não descobrisse que não viveu

Ela era jovem
E não buscava aventuras
As direções impostas por seu coração eram um mistério
Mas ela cruzou a estrada dele
E ela acabou sendo sua aventura

Ela tinha um largo sorriso, cúmplice, feito de dentes brancos em um rosto moreno
Olhos belos e expressivos, além da descrição das palavras
E orelhas, que poderiam ser como as de um gato
Com uma curva delicada e uma levíssima penugem escura

E assim ele a viu
E ouviu o seu sorriso, que soava como soam os córregos
E ele a percebeu em cada um de seus poros
E percebeu que seu coração
Que antes ansiava pela aventura
Agora se perdia

Se sentia mais velho do que realmente era
Mais abandonado do que jamais fora
Mais sozinho do que aqueles que caminham nas frias horas que antecedem a aurora
E assim ele descobriu que todas as aventuras que a vida lhe reservava
Não estavam em vales, montanhas ou estradas
E sim no lugar onde agora morava seu coração. 


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