quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Pois é...


Hoje eu acordo com meu primo me dando a noticia.
Vicente morreu.
Vicente era dono de um bar.
Era amigo nosso, era amigo de todo mundo.
Sua profissão era quase ser amigo de todo mundo.
Era careca, barbudo, cabeludo e magricela.
Era festeiro, as vezes boca suja, sempre guerreiro.
Passou os últimos anos servindo mesas, cantando e dando alegria.

Hoje o Vicente morreu e eu fico pensando no tempo.
Hoje o tempo amanheceu nublado, meio choroso, meio chuvoso.
O tempo vai passando e vamos nos tornando nossos pais.

Um dia você acorda e o Vicente morreu.
Um dia você acorda e a bunker vira Lojas Americanas.
Um dia você acorda o Balroom virou um prédio de apartamentos.
Os seus amigos ficam velhos e alguns ao partindo.

Um dia nossos pais acordaram e o Vinicius estava morto.
O John Lennon não saiu mais daquele quarto de hotel.
A Elis estava atrás da porta.
Por sinal foi ela que levantou a bola.
Como os nossos pais...

Hoje as 15:00 horas ele vai ser enterrado e nós nos perguntamos o que temos feito.
Como cultivamos nossos amigos.
Como decidimos quais são as nossas prioridades.

Trabalhar é importante.
Estudar nem se fala.
Ir pra um bar beber com os amigos é supérfluo.
Mas você entra num bar, é servido por um Vicente e vive momentos únicos com seus amigos.

Um brinde ao Vicente.
Que esteja onde estiver seja open bar.
E que ele mantenha as portas abertas por muitos e muitos anos até que eu e todos os meus amigos tenhamos aproveitado toda a festa do lado de cá e possamos ir pra saideira com ele do lado de lá.

Vai com Deus.

3 comentários:

raquel disse...

que bonito o seu texto, leo!

Lua disse...

Nossa, gostei muito! Postei no meu Face (colocando seus crédtos, claro).

A parte final foi a melhor, e tem toda a razão: saindo desse lado, a gente parte pra lá... pra eterna saideira no Empório!

Juliana disse...

Muito bom. Vou colocar no face.