domingo, 7 de maio de 2006

As vezes da janela do onibus vejo os antigos prédios atrás da cidade nova
Prédios da cidade velha que foram esquecidos em alguma hora
Prédios da cidade esquecida
Prédios esquecidos
Quase caídos

Com suas varandas de madeira desgastadas
Muitas quase caidas
Ocupadas por mulheres chamadas perdidas
Muitas que se tornaram de vida
Mulheres sem sonhos
sem nome

Mulheres feitas de corpo e de uma mesma vida insone
Ocupadas em ganhar o pão
Sem direito a ter coração
Sendo namoradas de quem puder pagar
Fingindo que não perceber aqueles que fingem não olhar
Que caminham por aquelas mesmas ruas sempre olhando em frente
Nunca dispostos a virar seus sorrisos numa direção diferente

Pra essas mulheres que a vida é feita de calçadas
E sempre há tanta calçada pra se andar
Calçadas duras e frias
Sem lugar pra sentar e chorar
Mas toda madrugada
Quando moças recatadas
já estão dormindo
embaladas por Deus

Essas moças da vida
Sempre tristes namoradas
coitadas
vão deitar com os seus

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